jean lorrain - a vingança do mascarado


paris, final do século XIX. em plena vida moderna, jean lorrain desfila entre vampiros e vampiresas, mortos-vivos, cadáveres escapados do cemitério, flores do lodo, morfinômanos, bebedores de éter, assassinos, espectros e outros espantos. essa é sua literatura: um baile de máscaras onde o duplo é celebrado como figura central do carnaval – carnaval que já é, por si, a dupla instância do discurso. essa é sua vida: drogas, homossexualidade, mundanismo, loucas madrugadas em cabarés satânicos, masquerades e bares da região portuária, viagens pela espanha, suíça, áfrica do norte e veneza e livre acesso aos ateliês dos artistas mais excêntricos da paris finissecular, ponte entre bas-fonds e homens de letras. figura maldita, jean lorrain é a síntese de uma linhagem de escritores empenhados em transgredir os códigos estéticos e morais de seu tempo, no que precede – por suas experimentações com as formas narrativas e com a própria vida, investigando os estados de consciência alterados via êxtase químico e trabalhando, no interior do texto, a droga, a sexualidade e os efeitos de ambos sobre a linguagem – a jean genet e william burroughs. entre nós, foi cultuado por joão do rio, que, como lorrain, foi o cronista mercurial de seu tempo. tradução e apresentação marcus salgado. editora antiqua 2012