deste pão não comeremos - grupo decollage e grupo de topoanálise (gruta)


Em 2010, ano das eleições presidenciais no Brasil, o Grupo Decollage e o Grupo de TopoAnálise (GruTA) lançaram um texto de afirmação intitulado DESTE PÃO NÃO COMEREMOS, que consistia em um esforço de reflexão sobre o cenário político e social vigente, tendo em vista as flagrantes manobras ideológicas operadas no âmbito da política partidária, fosse ela da situação ou da oposição. O cenário era desolador: alianças de uma incoerência que só o fisiologismo poderia explicar; cruzadas religiosas por votos de fiéis ávidos por uma luz divia (sim, todos os paraísos são artificiais...); surto ufanista amparado pela falsa ideia de que o Brasil estaria vivendo um momento único tanto em sua história como no quadro mais amplo da economia mundia; artistas e intelectuais a morde, de mãos dadas, seu pedaço do pão podre; apologia do baixo populismo, do cinismo e da demagogia; busca da eternidade no poder à força de qualquer transe; consolidação da tecnocracia em matéria de administração pública etc. Se, na superfície, o texto pareceia atacar a velha política do pão-e-circo, em seu núcleo duro se concentrava, porém, a recusa, sem concessões, à obrigatoriedade do voto. 
Passados pouco mais de dois anos, o cenário permanece desolador e o voto continua obrigatório - o que nos leva a publicar, em plaquete, DESTE PÃO NÃO COMEREMOS, já que se trata de um documento cuja pertinência histórica ainda não se fez superada. Somente o homem livre tem o poder de ir na direção oposta - e Benjamin Péret sabia muito bem disso. De igual forma, sabemos que é preciso sonhar, sim - mas sonhar perigosamente. Coleção Ocultura. Tiragem de 100 exemplares. Edições Loplop 2013.